[Resenha] Eu e esse meu coração

Redação

Leah carrega seu coração para onde vai. Não, não é no sentido figurado. Leah precisa carregar, em uma mochila, seu coração artificial desde que perdeu seu coração de verdade. Sua vida é limitada. Ela estuda em casa, portanto, não sai faz tempo. Sua mãe lhe trata como se fosse de vidro. Ela sabe que vai morrer, pois está na lista de espera para um transplante sem nenhuma esperança de conseguir, já que a lista é enorme. Então ela encontra Matt. Ou Eric. Ela não sabe, na verdade. Eles são gêmeos idênticos, embora sejam muito diferentes no jeito de ser. Um deles lhe dá aula em casa, substituindo a professora que não pôde ir. É quando ela se lembra de sua paixão por Matt. Mas será que aquele ali é Matt ou Eric?

Tudo em sua vida se transforma de forma drástica quando Eric, um dos gêmeos, se suicida, pelo menos é o que a polícia afirma. Então ela recebe o coração dele. Sim, agora Leah tem um coração de verdade. O coração do irmão gêmeo do cara que sempre gostou. Mas a verdade é que Leah acaba por receber muito mais que isso: gostos, sonhos, desejos e modos de ser de Eric acabam refletindo em sua vida. E o mais estranho é que ela tem pesadelos de vez em quando com a noite em que Eric morreu, ela supõe, já que os sonhos parecem, na verdade, pequenas lembranças do que pode realmente ter acontecido.

O caso fica ainda mais estranho quando Leah descobre que Matt também tem os mesmos sonhos. Poderiam, eles, estar juntando as peças desse quebra-cabeça e descobrir o que, de fato, aconteceu com Eric? Matt não acredita que ele tenha se matado. E o motivo de sua morte ainda é um mistério para ele, bem como para Leah. No entanto, eles prometem que irão desvendar tudo.

Leah é uma jovem de 17 anos que ama livros. Anda lendo romances de água com açúcar sem nem se preocupar com o que vão dizer. Leah também é uma jovem que sofreu muito com sua situação de saúde, na qual teve que serrar seu peito mais de uma vez. Sua cicatriz é a marca da qual sente vergonha de expor, por isso sempre põe roupas que escondam-na. Mas também é a marca que a salvou. É a marca que representa sua vida. Sua nova chance. É a marca que representa um novo coração, o coração de Eric. Agora que Leah ganha mais esperança de viver, embora ainda tenha que ter precauções, ela não se reconhece mais. Aquela Leah do passado encontra-se muito distante de quem ela é hoje. Todos notam sua diferença. Além disso, Leah precisa lidar com a perda do irmão de Matt, seu amor platônico, o fato de ela ter o coração de seu irmão gêmeo, de estar sonhando com a noite de sua morte e, além disso, de estar sentindo sensações, gostos e desejos que lhe parecem ser de Eric.

Matt é um cara quieto. Ele é o gêmeo na dele, enquanto Eric é o gêmeo popular, que pega todas, que ri e brinca com todos. Aquele que é amigo de todo mundo. Matt é mais calado, tem seus sonhos guardados e ainda sofre, assim como Eric e a mãe, pela morte recente do pai. Ainda passando pelo luto, os dois são unidos, como unha e carne, sentem coisas quando um deles parece estar passando por momentos difíceis. Matt e Eric são o que mantém aquele lar de pé, já que a mãe deles está se acabando cada vez mais por causa da partida do marido. Mas quando Eric não dorme em casa numa noite, Matt sente. Ele sabe, bem no fundo, que algo terrível lhe acontecera. Assim que tem a confirmação de que seu irmão gêmeo, o irmão que tanta ama, se foi, Matt enlouquece. Sua vida sai totalmente dos trilhos. Ele perde a noção do tempo que passa lá fora enquanto seu único objetivo agora é provar, acima de tudo, que Eric não se matou. Com a ajuda de Leah, a garota que recebeu o coração de Eric, ele tem mais esperança de conseguir desvendar esse mistério terrível que levou embora sua paz.

Preciso falar que a edição está impecável? Porque, sim, está. Estou simplesmente apaixonada por essa capa, contracapa e tudo mais. A editora fez um excelente trabalho aqui, porque é óbvio que qualquer um compraria o livro só pela capa e depois ficaria namorando. Sim, eu fiz isso. Acho que não consigo parar…

A escrita desse livro é simplesmente maravilhosa. Leve, simples, contagiante, que te prende muito desde o início da história. O livro é narrado em primeira pessoa por Leah e em terceira pessoa na visão de Matt. Sim, incrível, não é? Eu adorei! E segura essa: as partes de narração reversadas não sinalizam quem narra, deixando ainda mais interessante a trama. Sério, gostei mesmo.

Adorei muito que a autora trouxe aspectos interessantes para a trama. O fato de Leah ter um coração artificial foi totalmente novo para mim, não havia lido nada parecido com isso. O fato de ela ter recebido o coração do irmão gêmeo do cara que ama também foi uma sacada bem bacana, eu adorei. Mas o que mais gostei talvez tenha sido do fato de ela sentir coisas estranhas que refletem muito o que Eric sentia, gostava, pensava. Dei uma pesquisada sobre o tema e vi que existem vários casos assim. Achei bastante intrigante.

Engoli o livro até a metade muito rapidamente, mas, conforme podem perceber, o livro tem mais de 400 páginas, o que, para mim, foi um pouco desestimulante. Não, não o fato do livro ser grande, mas por ter sentido que poderia ter tido bem menos páginas do que consta. É que muita coisa acontece na vida de Leah e Matt, a verdade é essa. Muitas mudanças, muitas procuras, descobertas e reconhecimentos, mas sinto que a história principal deu uma enrolada da metade para o final. No entanto, a autora soube como nos prender à narrativa mesmo assim, pois o caso de Eric deixa muitas respostas para serem respondidas, portanto, você ainda vai querer engolir as páginas. Assim como eu.

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