[Resenha] Antes que eu Vá

Redação

Estou acreditando que terei muito dificuldade em fazer essa resenha. Passei dois dias lendo esse livro vivendo e revivendo com Sam o dia 12 de Fevereiro e por não ter lido a sinopse acreditei que ela ao menos conseguiria sobreviver no final das contas. Não foi fácil acompanhar a jornada de Sam ao longo do livro. Sinto a extrema necessidade de soltar para fora tudo o que eu senti por essa protagonista: ódio profundo e amor profundo. Eu posso explicar.

Odiei Sam por tudo o que ela é: Uma garota insegura de si, mesmo que seja da turma mais popular do colégio; Além de ser uma garota fácil de ser manipulada. Ela leva a vida que acredita ser perfeita mas o que descobrimos ao longo do livro é que ela não se da muito bem com a própria mãe, namora com um cara que ela nem ao menos gosta de verdade, sua melhor amiga (a líder do grupo) a manipula descaradamente. Inclusive esse grupo de amigas muito me lembrou as pretty little liars, de tanto que elas são manipuladas por Lindsay (que é praticamente uma Alison nessa história).

Amei Sam por quem ela descobriu ser capaz de ser ao longo das suas sete chances e de fazer diferente; Ela foi se dando conta de tudo que esta errado em sua vida e tentou arrumar aos poucos. Amei Sam pela capacidade que ela teve de perdoar alguém que nem se quer era a sua obrigação de perdoar.

A melhor amiga de Sam, Lindsay é uma bully compulsiva. Sabe quando você assiste esses filmes americanos em que uma das garotas gosta de tirar sarro de todo mundo – inclusive das próprias amigas? Pois bem, conheça Lindsay. Essa garota é extremamente irritante e manipuladora, geralmente tem as “piadinhas” na ponta da língua mas ao ser confrontada fica sem reação SEMPRE. Apesar de ser a pior personagem do livro ela é também extremamente importante para o desenvolvimento de Sam, pois é através de suas maldades é que a protagonista se da conta do que está errado e passa, inclusive, a perceber o que leva a sua amiga e ser uma pessoa tão má. Lembram do post anterior onde citei “violência é um circulo vicioso”? Isso não acontece apenas com a violência (física) propriamente dita, mas também as verbais. Existe realmente algo muito errado com ela e por não ter uma ajuda ela acaba descontando nos outros.

Durante a leitura fiz várias anotações no kobo para citar como exemplo de como Sam justifica suas ações, já que eu li esse livro especialmente para a semana Fale! Contra o Abuso; mas foram tantas marcações que vou citar apenas as do começo do livro.

Não que Vicky tenha ficado traumatizada, nada disso. As crianças fazem esse tipo de coisa umas com as outras. Não é nada demais. Sempre vai haver uma pessoa rindo e outra sendo motivo de graça. Acontece todos os dias, em todas as escolas, em todas as cidades dos Estados Unidos — provavelmente, de todo o mundo, até onde sei.

Acho que o que estou tentando dizer é que não adianta analisar. Se você desenhar um círculo, sempre haverá um lado de dentro e um lado de fora e, a não ser que você seja completamente idiota, é bem fácil perceber qual é qual. É simplesmente assim que funciona.

Uma das garotas do colégio que mais sofre abuso por Sam e as amigas é Juliet Sykes. Infelizmente pouco nos é informado sobre essa personagem até praticamente o final do livro. O que se sabe inicialmente é que ela é uma aluna quieta, não tem amigos, isolada e segundo a própria Sam é estranha. O apelido que as meninas deram para ela é Psicótica e sempre que ela passa as amigas encenam a famosa cena do filme Psicose.

Em determinado momento da história, cansada do que esta lhe acontecendo, Sam solta a seguinte frase:

O que fiz foi realmente tão pior do que o que todo mundo faz? É realmente muito pior do que o que você faz? Pense a respeito.

Achei interessante essa colocação no livro, pois muitas vezes apenas levantamos a bandeira anti-bullying nas redes sociais e não nos demos conta de que em algum momento da nossa vida – seja no passado ou no presente – já cometemos tal atitude com algum colega de escola ou trabalho. Ninguém santo no mundo, e claro que existem casos e casos (mesmo que todas possam ser classificados como bullying). Realmente é algo para se pensar a respeito e até se policiar. Claro que Sam não merecia a morte por conta de suas atitudes no passado, ninguém merece – muito menos quem sofre o abuso.

— Izzy?
— Oi?
— As… as outras crianças tiram sarro de você? Por causa do jeito como você fala?
Sinto-a enrijecer sob todas aquelas camadas.
— Às vezes.
— Então, por que você não faz alguma coisa a respeito? — pergunto. — Você podia aprender a falar de outro jeito, sabia?
— Mas esta é a minha voz — ela diz, calma, mas com insistência. — Como você saberia quando eu estivesse falando?

Gosto muito dessa passagem onde Sam questiona sua irmã e a garotinha decidida lhe da essa resposta. Ao mesmo tempo que é tocante, por uma garota tão nova não se importar com que os outros pensem também é interessante quando Sam se questiona por quanto tempo mais sua irmã será assim. Crianças não tem maldade e acabam se transformando com a chegada da adolescência, será que Izzy será como Sam ou terá sua própria identidade na escola? São muitos questionamentos que o livro trás, pois além desses casos citados ainda temos Kent e Anna, outros que aparecem bem rápido ao longo das sete chances.

De todo o mais Antes Que Eu Vá é um livro emocionante com a leitura bem leve. Tem alguns momentos de comédia, pois ao longo dos dias Sam passa de revolta, para “foda-se tudo” até enfim resolver de fato suas pendencias. É cansativo o dia sendo narrado com praticamente todos os acontecimentos iguais, mas a autora soube quando parar e fazer algo diferente para quebrar o gelo. Procurando algo relacionado ao bullying ou não a leitura vale a pena.

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