[Resenha] Agnes Grey, de Anne Brontë

Redação
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Agnes Grey é o primeiro romance escrito por Anne Brontë, uma das famosas irmãs Brontë, em dezembro de 1847. A irmã caçula, além desse, também conta com outro romance intitulado A Inquilina de Wildfell Hall.

A nova edição trazida pela editora Martin Claret tem um acabamento primoroso, com o corte em azul escuro contrastando com a capa laranja, lombada aberta que nos proporciona ver todo o trabalho dos cadernos e costuras internas e pequenos detalhes a cada início de capítulo. Achei muito lindo o fato de a costura dos cadernos ter sido feita com a linha da cor da capa e que podemos visualizá-la no meio dos cadernos enquanto lemos.

Assim como o título do livro, Agnes Grey é o nome da nossa heroína e, como a própria autora, é a irmã caçula e mais mimada da família, sendo sempre cuidada por sua mãe e irmã. Filha de um clérigo pobre e de uma mãe de uma família da nobreza rural inglesa – que a deserdou por insistir em se casar com seu grande amor -, recebeu através dos pais uma educação primorosa e, aos dezoito anos, querendo ajudar a família financeiramente, ou pelo menos diminuir as despesas que tinham com ela, decide tornar-se preceptora de crianças de famílias ricas.

O que mais chama a atenção em Agnes Grey é a forma com que a personagem era tratada, como se fosse nada somente por ter vindo de uma família humilde e trabalhar para sobreviver. A condescendência dos pais para com os filhos, que são verdadeiros monstrinhos, e a desautorização realizada me deixou bem revoltada durante a leitura. Como Agnes poderia educar essas crianças sem, em momento algum, poder contrariá-las?

Dois personagens em especial conseguiram ganhar todo o meu ódio. O primeiro foi Tom, um menino de sete anos com altas tendências psicopatas, e a segunda foi Rosalie, já com uns dezesseis anos, o ser humano mais sem noção, vaidoso e egoísta que já vi na literatura. Em diversos momentos, tive vontade de jogar o livro na parede por conta das atitudes desses dois.

Apesar dos momentos de ódio, Agnes Grey é um livro gostoso e rápido de ser lido e mostra de forma crua como a sociedade vitoriana funcionava para os menos favorecidos, trazendo um lado que, com certeza, não vemos nos romances de época atualmente tão populares.

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