[Resenha] A Menina Submersa

Redação

Eu sei, eu sei que o mês do horror já acabou. Mas infelizmente essa resenha teve que sair depois do prazo (mas a leitura foi concluída em Outubro, sério). Este livro é o que é, o que significa que ele pode não ser o livro que você espera que seja.Não vai ser fácil falar desse livro. Também não foi fácil ler esse livro. Não digo aqui sobre a narrativa dele, que eu achei bem tranquila, mas por sua história. Sua personagem. Imp é uma jovem que perdeu sua mãe e sua avó muito cedo. As mulheres que ela mais amava nessa vida. O pior não foi simplesmente perde-las, mas sim que ambas se suicidaram. Ambas eram doente mental e Imp sabe que herdou delas a mesma maldição. No inicio do livro a autora deixa a seguinte mensagem ao leitor: E, para mim, essa frase faz muito sentido. Toda a obra foi feita de um modo que, acredito eu, nenhum leitor esperava. Eu acho que mesmo sabendo sobre o que ele se trata o livro acabou surpreendendo a todos.

A narrativa pode ser um pouco incomoda no inicio. Já nas primeiras linhas somos apresentados a confusão mental de sua narradora e o restante do livro se segue dessa forma. A Menina Submersa é um livro dentro de um livro, ou melhor, dentro de um diário de Imp para Imp. Nunca sabemos quando ela está falando a verdade ou mentindo, na verdade a própria personagem tem uma opinião sobre verdades e mentiras em que ela explica e bate na tecla por diversas vezes.

Na verdade para a personagem existe diferença entre o que é verdade e o que é fato, então em diversos momentos ela nos conta algo verdadeiro mas que não é um fato. É verdadeiro pois ela acredita naquilo, mas não significa que isso aconteceu de verdade. Confuso? Um pouco. Mas eu acabei ignorando isso ao longo da leitura e optei por acreditar em tudo o que ela dizia, já que para ela aquilo era real. Acho que como leitora é só daquilo que eu preciso. Claro que nesse caso vai de leitor para leitor, mas vale a pena dar uma chance. Você já está totalmente na mente da personagem, então para quem ficar desacreditando nas coisas que ela diz? 

O livro não é, necessariamente, uma obra de terror/horror. Mas ela fala de fantasmas. Não daqueles que estamos acostumados, que vemos nos filmes e tudo mais; E sim os fantasmas de cada um. Para a personagem um quadro é um fantasma que a persegue a vida inteira, assim como a Chapeuzinho Vermelho (o conto de fadas que ela menos gosta) e A Pequena Sereia (o conto de fadas que ela mais ama). Imp mantêm um pasta com informações sobre todos os seus fantasmas e seu maior desejo é que esses fantasmas parem de assombra-la, que ela possa esquece-los. Já não fácil viver com a sua própria condição mental e ainda ter que lidar com isso. 

Com muita frequência, as pessoas cometem o erro de tentar usar a sua arte para capturar um fantasma, mas somente terminam espalhando a sua assombração para inúmeras outras pessoas. 

O livro também nos conta uma bela história de amor, entre Imp e Abalyn. Gostei do modo como elas se conheceram e como o relacionamento foi desenvolvendo, pareceu tão irreal mas ao mesmo tempo foi algo que aconteceu em um tempo certo, sabe? Sem pressão e coisas desse tipo. Natural é a melhor palavra para definir o relacionamento delas. O romance sofre as consequências por causa de um fantasma de Imp (e o principal deles eu devo dizer): Eva Canning. Ela é uma mulher misteriosa que Imp encontrou na estrada e à partir daí se tornou sua obsessão. O livro e a narração se tornou muito mais prazerosa e angustiante após Eva surgir. Fui tomada pela curiosidade de querer saber se ela é real o não, e como a personagem passaria a lidar com a situação. Se foi difícil para mim, que sofri com aquelas angustias, imagina para Imp?

Eu tenho a edição antiga, com a capa comum. Depois de uma semana que recebi meu exemplar a editora anunciou a edição de luxo. Fiquei bastante chateada, mas não comprei só para ter uma edição mais bonita. Agora que li o livro e o amei com certeza colocarei ele na minha lista de desejados, mas sinceramente não vou dar prioridade. Para mim é só beleza. rs

Uma coisa que me incomodou (e eu não sei se isso foi intencional e caso não tenha sido intencional se foi corrigido na edição nova)  é que em alguns momentos Imp datilografava algo como “há 20 páginas atrás eu falei bla bla bla”, mas se o leitor voltasse as vinte páginas veria que na verdade ela não teria falado aquilo naquela página mas em algum momento antes; Ou também “na página 153 eu falei tal coisa e na 178 tal coisa” e então a mesma coisa, se o leitor voltasse não encontraria nada daquilo. Isso poderia ser algo para reforçar a deficiência mental dela, mas se eu bem me lembro bem sempre que ela citou algo assim ela realmente havia falado o que ela disse que falou, só as páginas que não eram a mesma citada por ela. Como eu disse, pode ter sido intencional mas se não foi é algo que poderia ser arrumado.

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