[Resenha] A Menina do Outro Lado: Volume 6

Redação

E está entre nós o sexto volume da saga de Shiva e Sensei, um mangá fofíssimo trazido pela demoníaca editora DarkSide! O ponto alto da história é, sem dúvida, o relacionamento entre a garotinha e a misteriosa criatura que cuida e a protege. Voltamos a partilhar da vivência desses dois seres tão diferentes, mas que tanto se gostam. Sempre aguardo ansiosa por um novo volume, incapaz de deixar de lado essa história tão bonita e sombria.

Retornamos ao mundo praticamente solitário de Shiva e Sensei. Ela é uma garotinha meiga e alegre, criada por Shiva, um ser amaldiçoado, de chifres, que impede a garota de tocar nele. O mistério sobre a maldição que recai em tantas pessoas continua, ainda que tenhamos algumas revelações. Neste sexto volume, Sensei e Shiva partem da casa onde viviam em busca de um novo lar, um lugar mais seguro, na esperança de despistar os soldados que rondam a floresta em busca deles.

A busca os leva a uma vila abandonada, que parece segura e tranquila o suficiente. Sensei está imerso em seus pensamentos, tentando entender porque não se lembra de muita coisa de seu passado, quando temos uma revelação importante sobre sua condição. Essa informação faz a gente pensar em vários cenários possíveis para o relacionamento de Shiva e Sensei. Não sei dizer se vão se concretizar, mas estou bem ansiosa pela continuação!

É natural que com novas revelações levem a novas perguntas. Shiva acaba fazendo as mesmas perguntas de Sensei. Novos ares, novas maneiras de ver o mundo, novas questões. Achei ótimo essa mudança de cenário, pois ela parece abrir caminho para importantes mudanças que estão por vir no mundo dos personagens. Novamente, igual ao volume anterior, não temos adições de novos personagens, mas tem um interlúdio interessante com o povo de dentro discutindo sobre a existência de Shiva.

Este volume acaba sendo mais contemplativo, mas não menos intenso, que o anterior. A magia ainda gira em torno do relacionamento da menina com Sensei. Nagabe pode até economizar no enredo, mas não economiza na emoção, na dinâmica de Shiva e Sensei, nos olhares e expressões faciais. A raiva que Shiva demonstrava no volume anterior parece apaziguada neste aqui.

Por mais estranha que a visão de Sensei seja, quem são os monstros da história? São estes seres esquisitos, desprovidos de uma aparência humana ou são as pessoas dentro dos muros das cidades que, na primeira oportunidade, são capazes de atos abomináveis, reprováveis, até mesmo contra uma criança? O mangá vem lidando muito bem com essa dualidade, deixando essas questões para que a gente vá digerindo aos poucos conforme o enredo se desenrola.

A edição segue a perfeição das anteriores, em capa dura e papel encorpado. A tradução de Mie Ishii e não há problemas de diagramação.

Obra e realidade

A obra de Nagabe traça vários paralelos com a realidade que até o mais desavisado não deixaria de notar, ainda que muitos possam ignorá-la, achando que nada tem a ver com a atualidade. Vivemos em um mundo onde divergir do plano geral das coisas é ser um criminoso, é ter sua existência contestada. E aí vemos esses dois seres tão diferentes entre si em essência e existência que, entretanto, convivem juntos na harmonia de um lar, como uma família. Como eles conseguem? Simples, aceitando e respeitando um ao outro.

Não só isso, vemos que a essência do mal pode estar muito mais perto do que a gente imagina. Nem sempre é na escuridão que o maligno se esconde, mas ao lado, na casa em frente, na sede do governo, quem sabe em seu próprio quarto? Como aceitar que o mundo é feito de luz e escuridão, inclusive as pessoas?

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