[Resenha] A Menina do Outro lado: Vol. 4

Redação

Estamos em um país dividido, onde pessoas ditas normais convivem com seres amaldiçoados Nossa intrépida dupla é composta por Sensei, um ser estranho meio animal, meio humano e uma menininha curiosa chamada Shiva. A dupla mora fora dos limites da cidade, onde Sensei impede que Shiva o toque, temendo que ela também acabe amaldiçoada. Fora isso, os dois vivem um relacionamento bem próximo ao de pai e filha.

Uma coisa que fica bem clara na leitura desses quatro volumes (o mangá vai acabar no décimo volume) é que as respostas nunca são simples. Por mais estranha que a visão de Sensei seja, quem são os monstros da história? São estes seres esquisitos, desprovidos de uma aparência humana ou são as pessoas dentro dos muros das cidades que, na primeira oportunidade, são capazes de atos abomináveis?

O mangá até aqui vem lidando muito bem com essa dualidade, deixando essas questões para que a gente vá digerindo aos poucos conforme o enredo se desenrola. Agora com o retorno da tia de Shiva, que vemos que era um desejo dela desde o início, notamos que nem tudo é fácil para essa dinâmica que já funcionava muito bem entre ela e Sensei. Muitos segredos ainda precisam ser desvendados e estou bem ansiosa para os próximos volumes.

Nagabe continua utilizando com perfeição o jogo de sombras em seus quadros. São paisagens bem detalhadas e carregadas de um ar sombrio quando necessáriio. Páginas brancas e pretas se intercalam dependendo do momento em que os personagens estão e isso foi ótimo para destacar a continuidade. Nagabe ainda não nos entregou todos os fatos e dados, então ainda há muita coisa para descobrir, ainda que saibamos mais sobre as origens de Shiva neste volume.

A edição segue a perfeição das anteriores, em capa dura e papel encorpado. A tradução de Renata Garcia e não há problemas de diagramação.

Obra e realidade

A obra de Nagabe traça paralelos com a realidade que até o mais desavisado não deixaria de notar, ainda que muitos possam ignorá-la, achando que nada tem a ver com a atualidade. Vivemos em um mundo onde divergir do plano geral das coisas é ser um criminoso, é ter sua existência contestada. E aí vemos esses dois seres tão diferentes entre si em essência e existência que, entretanto, convivem juntos na harmonia de um lar, como uma família. Como eles conseguem? Simples, aceitando e respeitando um ao outro.

Não só isso, vemos que a essência do mal pode estar muito mais perto do que a gente imagina. Nem sempre é na escuridão que o maligno se esconde, mas ao lado, na casa em frente, na sede do governo, quem sabe em seu próprio quarto? Como aceitar que o mundo é feito de luz e escuridão, inclusive as pessoas?

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