[Resenha] A mão misteriosa

Redação

Também não é pra tanto, né, dona Agatha Christie? A Mão Misteriosa é, de fato, uma boa história, mas não estou convencida de que é uma de suas melhores obras. Vamos aos comentários…

Jerry Burton, nosso narrador, havia sofrido um acidente e, para se recuperar adequadamente do infortúnio, segundo seu médico, precisava morar temporariamente num lugar tranquilo, respirar ar puro e ocupar-se de frivolidades e escândalos comuns a locais afastados dos grandes centros urbanos. Por este motivo, muda-se para Lymstock, uma cidade do interior da Inglaterra, com sua irmã Joanna, que fica responsável pelos seus cuidados.

Entretanto, logo após sua chegada, cartas anônimas começam a ser entregues aos moradores do lugar. São extremamente ofensivas, mas as acusações são aleatórias e falsas. As palavras que compõem a carta foram retiradas de outros materiais (livros, revistas, não se sabe ao certo) e o envelope é datilografado. Desta forma, não há como investigar a origem das mesmas.

O problema se agrava quando um dos destinatários comete suicídio após receber uma dessas entregas. A partir daí, a polícia assume o caso e todos ficam temerosos ao tentar adivinhar o próximo passo do autor misterioso. A trama só é concluída – e outras descobertas são feitas – quando Miss Marple entra em cena.

Confesso que nunca fui muito fã da Miss Marple, mas hoje vejo que era bobagem minha. Às vezes até prefiro ela ao Poirot. Não sei, acho que a inteligência dele – tão escancarada – me intimida um pouco. Um dos problemas deste livro, inclusive, é o fato de que Miss Marple aparece bem no final da leitura e participa muito pouco. Fiquei chateada!

A Mão Misteriosa possui um suspense pra lá de interessante. A autora nos induz a procurar respostas no lugar errado, o que fez com que eu nem desconfiasse da identidade do autor misterioso. Ao longo da trama algumas dicas bem sutis são indicadas, mas não me atentei a elas e acabei conduzindo minha própria investigação por um caminho totalmente equivocado.

Acredito que o fato de eu ter me apegado bastante ao Jerry (narrador) e à Joanna (sua irmã) me ajudou a gostar da história.

Me decepcionei um pouco com o desfecho, pois eu esperava algo mais complexo, até mesmo sórdido, dado o conteúdo das cartas. No fim, tudo era muito simples. Isso não tira, em nenhum momento, o mérito do livro. Na realidade, o que eu mais gosto nos livros da Agatha Christie é justamente a forma como ela conduz a história, como ela apresenta os fatos para o leitor. As coisas parecem simplesmente não se encaixar, mas no final você sempre fica com aquela sensação de que a resposta estava bem na sua cara e que você deveria ter pensado naquilo antes. Mesmo quando a resolução é boba, você sempre acaba sendo surpreendido de uma forma ou de outra. E é por esse e outros motivos que ela é considerada a Rainha do Crime, título mais do que justo. Na minha modesta opinião, ela é e sempre será a melhor autora de ficção policial de todos os tempos.

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