[Resenha] A Grande Ilusão, de Luiz Fernando Emediato

Redação

Esta nova edição revista e ampliada de “A Grande Ilusão”, de Luiz Fernando Emediato, traz os principais textos da primeira edição, distribuída para as bibliotecas escolares, pelo MEC, em 1996, e mais textos inéditos, escritos recentemente. Nos últimos 25 anos esses textos encantaram e conquistaram milhares de adolescentes. Com o surgimento das redes sociais, muitos deles, já adultos, procuraram o autor para dizer que o livro servira para orientação moral, ética, filosófica, política e até “espiritual” deles. Um livro “transformador”.

De fato, o livro, numa linguagem simples e direta, mas tratando de temas profundos, toca suavemente a mente e o coração dos leitores. Da indignação ao lirismo; do sentido de responsabilidade humana à busca da alegria: os textos são um exemplo cristalino de que a palavra é uma arma vigorosa contra a apatia e a indiferença.

Na segunda metade dos anos 80, Luiz Fernando Emediato escreveu no Caderno 2 de O Estado de São Paulo algumas crônicas que posteriormente seriam reunidas no livro “A Grande Ilusão”. São textos, marcados por grande sinceridade, em que o autor se divide entre o lirismo mais pueril e a indignação mais contundente, evidenciando dessa forma os temas que lhe são mais caros.

Eles também mostram uma interessante apropriação do espaço jornalístico pela crônica, coisa que os teóricos da literatura, e atualmente até alguns cronistas, costumam menosprezar. Emediato se posiciona como um cronista de jornal, que está sujeito às manifestações do leitor e com ele interage, a ponto desse diálogo gerar temas para novas crônicas.

Há uma forte identificação com o leitor, e isso a despeito das crenças diversas do cronista (ateu, Emediato recebia muitas cartas de leitores falando sobre Deus). Nem mesmo as duras críticas que fazia à corrupção geravam unanimidade: sempre aparecia alguém querendo encontrar motivações ocultas em suas críticas ao governo.

Vivia-se, àquela época, a frustração com a nova república, após o período militar, e Emediato bradava contra os seus oportunistas, os desvios de dinheiro, a violência policial contra os menos favorecidos e tudo o que fazia parecer que, apesar de toda a luta, a ditadura não havia acabado.

Parte das crônicas foi publicada no final dos anos 1980, aos domingos, no Caderno 2 do jornal “O Estado de S. Paulo”. Segundo uma pesquisa da época, Luiz Fernando Emediato era um dos autores mais lidos daquele jornal.

O livro é agora reeditado, em nova seleção e com inclusão de textos recentes. Uma reedição primorosa, revista e atualizada, mais adequada para leitores jovens, mas não só para eles. E que não mudou o recado: a vida às vezes é dura e difícil, mas sempre vale a pena.

Esta edição traz também 32 páginas coloridas de fotos e fatos da longa e aventureira biografia de Emediato – escritor e jornalista que em 40 anos fez cobertura de guerrilhas na América Central, da revolução na Nicarágua, assim como dos principais fatos humanos e políticos do Brasil. Traz também um estudo da obra, assinado pela professora Maria Antonieta Antunes Cunha, uma das principais educadoras do país.

Se você já um fã de Luiz Fernando, como eu, não deixe de ter mais esse livro para sua coleção. E, caso você ainda não tenha tido contato com o autor, essa é uma leitura fascinante para que você possa, enfim, mergulhar de cabeça nos mistérios investigativos do autor. A leitura é leve, corre muito fácil, daquelas que você abre o livro, começa a ler e nem percebe que já está acabando. Sem dúvida alguma você não irá se arrepender.

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