[Resenha] A Contrapartida

Redação

Até que ponto você é capaz de ir para conseguir realizar os seus desejos? Em A Contrapartida, de Uranio Bonoldi, publicado pela editora Valentina, somos alçados para um thriller eletrizante que conta a história de Tavinho. Com dificuldades de aprendizado, o jovem, ao participar de um ritual indígena com direito a chá misterioso e sacrifício humano, consegue aguçar a sua perspicácia e desenvolver uma surpreendente inteligência. É claro, como o próprio título já diz, um dia a conta chega e, aí, só lendo para descobrir.

A Contrapartida é um livro que vai questionar as nossas escolhas, os caminhos que traçamos para conquistarmos os nossos sonhos. Será que é mais fácil buscar um atalho? Os debates éticos são a marca da obra. Porém, passa longe de ser algo chato, didático. Pelo contrário, a narrativa é envolvente, repleta de reviravoltas e, acima de tudo, diverte o público. O difícil é parar de ler!

A Contrapartida brinda o público com cenas tensas – daquelas de dar “nervosinho” (SÉRIO MESMO!) – suspense, ação e momentos, digamos assim, cômicos, para não dizer surreais. Durante a leitura, eu pensava: “o personagem não pode fazer isso…”, “não pode ser!”, “ninguém seria trouxa a esse ponto”, “isso é inacreditável!”.  Ficava revoltado, mas não conseguia largar o livro. No fim, me dei conta do quanto estava entretido naquilo e, convenhamos, é ficção! Sair um pouco da realidade é válido. O livro também tem amor, mas, nesse quesito, acredito que a execução não foi tão boa.

Se o autor conseguisse lapidar melhor os personagens, talvez, o romance pudesse deslanchar. Com exceção de Tavinho e da índia Iaúna, os outros não são bem desenvolvidos. Martha – a namorada de adolescência – , a meu ver, foi uma das mais prejudicadas, tendo a trama pouco aproveitada. Um desperdício! A edição é outro fator que merecia um acabamento mais aprimorado. Alguns detalhes precisam estar mais amarrados, explicados, para uma continuidade melhor.

Apesar disso, A Contrapartida tem uma boa história, característica que considero primordial para um bom livro, e um excelente desfecho. Isso sem falar na índia Iaúna, uma das personagens mais instigantes que “conheci” há tempos. Ela rouba a cena.

A Contrapartida foi uma grata surpresa literária. Uma história cativante, tensa e questionadora. Uma leitura arrebatadora, que prende do começo ao fim.

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