[Resenha] A Bolsa Amarela

Goutyne
By Goutyne

A Bolsa Amarela é um livro infantil lançado pela primeira vez lá nos anos 70. O que me chamou a atenção para a leitura foi na sinopse onde está escrito que a personagem tem uns desejos, e um desses é de que ela gostaria de ser um menino. Muito engana eu fui achando que o livro, na verdade, se tratava de uma narrativa mais voltada para a identidade de gênero, sendo falada em uma época onde pouco se conhecia sobre este assunto. Mesmo com meu engano a obra não perdeu seu encanto.

Raquel é uma menina de uns 10 anos, bem criança mesmo, e fazendo jus a sua idade é extramente curiosa e por causa de seu jeitinho é um pouco ignorada por sua família. Claro, todos a ama, porém ela é a mais nova dos filhos e todos ali são velhos demais para ter uma prosa com ela. Por isso Raquel precisa exercitar a sua criatividade. Ela nos conta que tem alguns desejos e que esses desejos quanto mais forte mais eles engordam, até chegar o ponto que ela não consegue mais esconder. Imagina essa menina super engraçada narrando isso? Eu já me encantei pela obra aí mesmo.

Suas maiores vontades: Ser adulta, pois assim ela seria ouvida e respeitada pelas pessoas ao seu redor; Ser um menino, pois ninguém falaria coisas como “isso não é coisa de menina”; E por fim ela gostaria de ser escritora. Ah, mas isso ela faz muito bem. Raquel escreve um pequeno romance sobre um galo que não queria ser o rei do galinheiro e este galo ganha vida, se tornando seu amigo próximo, mas como esconder ele?? Claro, na bolsa amarela que veio de sobra da casa de sua tia.

O livro é infantil mas deveria ser lido por adultos para aprendermos a respeitar as crianças como seres humanos. Quantas vezes deixamos de dar atenção ao que uma criança quer simplesmente por ela ser criança? Me incomodou muito quando eles estavam em um almoço na casa da tia e todos ficavam importunando a menina para cantar, fazer coisas engraçadinhas, entende?

E ela até pensa “se eu fosse adulta ninguém me obrigaria a isso”. Pensei sobre minha atitude com crianças ao meu redor, que não são frequentes, e provavelmente eu fui chata assim em algum momento e dai é bom para já dar um basta nesta atitude, né? Dizer o mesmo da ideia da menina de ser menino, simplesmente porque menino pode sair para jogar bola, menino pode falar de um jeito que meninas não podem, meninos podem soltar pipa. Coisas tão insignificantes, mas que fazem toda a diferença. Hoje em dia, comparando com os anos 70, as meninas tem muito mais autonomia para fazer certas coisas, praticar alguns esportes, mas ainda sim não estamos livres desse sexismo. Deixa a criança ser criança, deixa disso de coisa de menino e coisa de menino, deixe-os se divertir, ok?

Apesar de parecer politicagem do livro ele é muito mais uma fantasia infantil do que qualquer outra coisa. As coisas que a menina coloca na bolsa além do galo nos diverte, sem contar as histórias que ela inventa relacionando todos esses objetos. Leitura mais do que recomendada para ler para crianças.

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