Por que não temos carros movidos a água?

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By Goutyne
Por que nao temos carros movidos a agua

Carros movidos a água envolvem um sonho acalentado por praticamente todos os consumidores. Sempre que os preços do petróleo sobem, jornais, revistas e outras publicações da mídia começam a publicar histórias de como uma empresa X ou um inventor Y está construindo um carro do futuro que “funciona somente com água”.

O grande problema é que essas afirmações são geralmente enganosas e muitas vezes buscam somente angariar grandes investimentos de investidores desavisados, vendendo-lhes o sonho de que a água pode se tornar um combustível capaz de revolucionar a indústria automobilística.

A questão é… nós realmente temos uma tecnologia que torna possível usar água como combustível para mover nossos carros e outros veículos? Apesar das reivindicações de décadas sobre os chamados carros movidos a água, por que nenhum deles chegou ao mercado? São essas as questões que abordaremos ao longo deste artigo!

A razão pela qual não vemos carros movidos a água andando por aí

Primeiramente, o grande problema é que a água em si não é um combustível. Na verdade, a única maneira de extrair energia da água e usá-la como combustível é separando as moléculas de água em elementos constituintes. Ao “dividir” a água, o hidrogênio e o oxigênio seriam separados, de modo que o hidrogênio poderia, em tese, ser uma fonte de energia e combustível.

Teoricamente, existe um método para dividir a água em elementos constituintes com a ajuda de um processo químico chamado “eletrólise”. Numa explicação bem básica, a eletrólise é um método pelo qual a água pode ser dividida em hidrogênio e oxigênio através da passagem de uma corrente elétrica pela solução.

No entanto, há um grande problema: a água em si é um mau condutor de eletricidade. Portanto, é necessário adicionar eletrólitos como lítio ou sódio na água para fazer a eletrólise funcionar. Os eletrólitos, devido à sua estrutura iônica, facilitam o fluxo de energia elétrica pela água.

Para piorar a situação, mesmo se você adicionar eletrólitos, há outro problema: como a água é uma molécula bastante estável, a energia necessária para dividir a molécula precisa ser maior do que a energia que seria derivada da combustão do hidrogênio. Além disso, lembre-se de que durante a conversão da água em elementos constituintes, parte da energia é dissipada na forma de calor.

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Portanto, é impossível extrair mais energia química da água do que a energia gasta no processo de eletrólise. As regras básicas da termodinâmica nos impedem de produzir qualquer nova energia a partir da água sem gastar mais energia na tentativa de obtê-la.

Mas eu já ouvi falar de carros movidos a água!

Bem, em termos científicos, não é possível fazer um carro totalmente movido a água sem violar as leis bem estabelecidas da termodinâmica, a menos que alguém queira gastar mais energia para obter menos energia. Na prática, muitos charlatões têm feito alegações exageradas sobre o desenvolvimento de carros movidos a água, mas suas teses nunca foram aprovadas por autoridades e especialistas.

O primeiro a fazer algo do tipo foi um inventor chamado Charles Garett. De acordo com um jornal da época, Garett apresentou um carro movido a água em 8 de setembro de 1935. No entanto, examinando a patente que Charles registrou para este projeto, é possível que ele tenha usado eletrólise para alimentar o carro a partir de moléculas de hidrogênio geradas fora da reação; ou seja, sua patente falhou em trazer qualquer nova fonte de energia.

No final dos anos 70, uma das reivindicações mais famosas de um carro movido a água foi feita por Stanley Meyer, durante o auge da crise do petróleo. Ele afirmou ter construído um buggy que usava água como combustível. No entanto, quando questionado sobre como ele fez isso, suas respostas foram inconsistentes.

Outra farsa de carros movidos a água foi promovida por uma empresa japonesa chamada Genepax, que supostamente revelou um carro que funcionava exclusivamente com água e ar. Esta empresa, assim como os inventores citados anteriormente, recusou-se a esclarecer como havia alcançado esse feito incrível.

Uma palavra final

Embora sempre haja um discurso atraente quando uma empresa ou indivíduo afirma ter desenvolvido uma tecnologia que pode mover carros puramente com base na água, quando se trata de ciência, há uma restrição fundamental para essa ideia.

Simplificando, podemos dizer que a energia não pode ser criada nem destruída; ela só pode ser transformada de uma forma para outra. A água não pode entrar em combustão, então a única maneira de obter energia utilizável é dividindo a água em hidrogênio e oxigênio.

Como mencionado ao longo deste artigo, o problema em fazer isso é que a quantidade de energia gasta separando a água em elementos constituintes tende a ser bem maior do que a energia obtida.

Por conta desses fatores, dirigir um carro verdadeiramente movido a água continua sendo apenas um sonho, mas quem sabe o que o futuro reserva…

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