Você já sentiu uma dor de cabeça fortíssima quando ingeriu algo gelado? É uma dor que vem e vai com uma rapidez tremenda, mas que incomoda bastante. Ela é chamada de dor de cabeça do sorvete.
Já parou para se perguntar o que poderia ser aquela sensação de congelamento que sentimos na cabeça após tomar sorvete ou ingerir alimentos que estejam em temperaturas muito baixas? Entenda melhor o que é a chamada “cefaleia do sorvete” e o que a ciência já descobriu sobre essa condição bastante curiosa e comum.
Também chamada de “congelamento cerebral” (brain freeze, em inglês), esse incômodo repentino que surge é, sim, um tipo de dor de cabeça. Segundo a Classificação Internacional de Cefaleias, ela pode se apresentar como uma dor frontal e mesmo bilateral. Por sorte, ela não costuma durar muito após beber ou ingerir algum alimento muito frio. Em geral, ela desaparece em menos de 5 minutos.
É um tipo de dor de cabeça que pode ocorrer tanto em climas quentes quanto em climas frios, e costuma ser sentida no topo da cabeça, nas têmporas ou nos olhos. Essa dor pode acontecer com qualquer pessoa, principalmente em pessoas portadoras de algum tipo de dor de cabeça crônica primária, como a enxaqueca. Nos enxaquecosos, a ingestão de sorvete ou líquidos gelados, pode desencadear crises de enxaqueca.
O que está por trás dessa dor de cabeça tão forte?
Relatada tanto em climas mais quentes quanto nos mais amenos, quando nos voltamos para o motivo para isso ocorrer, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard e da Universidade da Irlanda conseguiu estabelecer uma relação entre o rápido resfriamento da área cerebral e alterações no fluxo sanguíneo dessa região.
No experimento que contou com a participação de 13 adultos, os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral por meio de um dispositivo. E perceberam que os participantes, orientados a beber água gelada com canudo até que sentissem a dor, apresentaram uma maior tendência ao aumento da velocidade do fluxo sanguíneo no cérebro.
Isso porque é na artéria cerebral anterior, localizada atrás dos olhos e bem no meio da cabeça, onde ocorre o aumento do fluxo sanguíneo, de modo que ela se dilate rapidamente, causando a dor. Mas logo que a temperatura da área volta ao normal, essa artéria se contrai para reduzir a pressão na cabeça, e a dor cessa.
Um mecanismo de autodefesa
Esse mecanismo de autodefesa mostra na prática o quanto a região cerebral é bastante sensível às variações bruscas de temperatura e que o aumento do fluxo sanguíneo observado, inclusive, poderia ser uma forma de manter o cérebro aquecido. Por outro lado, ao beber água em temperatura ambiente, esse fenômeno não foi percebido no grupo.
A expectativa é que esse estudo, divulgado em 2012, também possa auxiliar numa maior compreensão sobre como funcionam outros tipos de dor de cabeça, incluindo a enxaqueca. E para quem se pergunta se há uma forma de combater a cefaleia do sorvete: não há um tratamento disponível até o momento.
Ou seja, para quem se incomoda bastante com essa dor de cabeça temporária, a melhor solução é evitar beber água gelada, fugir dos sorvetes e alimentos muito frios. Evitar mergulhar em águas com temperaturas mais baixas também é uma medida válida, já que a dor pode surgir nessa condição específica.
