[Resenha] O príncipe cruel

Goutyne
By Goutyne

O que quero dizer com isso? Bem, pra mim isso significa e resume que mais uma vez nos encontramos lendo um livro repleto de: fadas, magia, envolvimento, características bem marcantes, tramas bem desenvolvidas, uma certa dose de derramamento de sangue e beijos roubados, além de personagem que nos dão ódio por conseguirem fazer com que os amemos demais. E uma quantidade incrível de peso e responsabilidade colocado sob os ombros de algum ou alguma jovem que visivelmente não está pronto para tanto.

Uns clichês sempre têm, né. Mas a graça é como utilizar esses clichês para transformar o livro e a história em algo unico, novo e viciante – Holly Black tem esse dom e todos devemos agradecer a isso.

Minha leitura foi um pouco turbulenta, uma vez que optei por ler em inglês e no meio do percurso houve o lançamento de Queen of Air and Darkness – e prioridades são prioridades. Mas voltando a falar, acho o inglês que a Holly usa nos seus livros de fada (esse não foi o único que li, mas o que mais gostei) me causa um pouco mais de dificuldade – acredito ser por causa do pensamento e do mergulho numa cultura feérica, que é conhecida por enigmas e charadas e falar muito sem dizer nada, que o inglês acaba puxando o meu tapete. Mas nada tema, pois o que pode sair disso além de algumas palavras mais extravagantes para o seu vocabulário, é apenas uma demorinha na leitura.

A história já começa bem chocante, onde somos apresentados a Jude, e sua irmã gêmea Taryn. Ambas presenciam a morte violenta de seus pais por uma faérico, Madoc. Elas são bem pequenas quando são levadas por ele para o reino das fadas – junto com sua meia irmã Vivianne, filha do assassino de seus pais. Mas acontece que Vivianne é meio fada, o que deixa Jude e Taryn sozinhas para lidar com o mundo desconhecido e cheio de maravilhas que conhecemos do Reino Sob a Montanha ao serem criadas como filhas de Madoc, o general do exército do Grande Rei da corte de Unseelie.

É muito complicado, para duas mortais, viver em meio ao mundo das fadas, onde perigos e ameaças se escondem no comer de uma reles maçã. Jude cresce determinada a conquistar seu lugar em meio aos faéricos; mas para isso, acaba por se colocar em situações de grande risco quando passa a se envolver em políticas da corte, relacionamentos traiçoeiros e golpes de estado. Taryn, sua irmã gêmea tem outra percepção da vida em Elfhame, o mundo das fadas, e isso gera conflitos internos sobre como, de fato, um humano deve se comportar vivendo em meio a seres imortais.

Jude é apresentada como uma vítima. Não, melhor dizendo, como uma presa. Para seres imortais que estão a centenas de anos acostumados a se preocupar apenas com suas diversões sádicas e manipulações (não apenas emocionais) vendo tudo do alto de sua posição de espécie dominante. Porém ela se recusa a agir como uma presa fácil nisso tudo. Munida de pouco mais do que seu conhecimento dos hábitos do povo em que ela foi forçada a viver, ela reúne coragem e se mostra uma personagem principal digna. Ela trabalha duramente para se opor aqueles que a diminuem por nada, e ainda conseguir terreno no jogo dos nativos – que não veem com bons olhos a intromissão de uma mortal nos assuntos dos imortais.

Jude é claramente um lobo vestido em pele de cordeiro para a história, na qual ela se entrelaça com personagens perigosos e que tentam utilizar dela para seus fins. Um dos personagens que mais gostei foi Cardan, o príncipe mais novo da família real, e o menos provavel a desempenhar qualquer papel importante no governo de Elfhame. Ele é um garoto sombrio e sádico que aparece sempre com os olhos virados para os lugares certos, comandando seu próprio círculo de seguidores – que dividem sua predileção por zombar e torturar Jude e sua irmã. Logo de início vemos como Cardan e Jude são opostos e praticamente inimigos jurados.

Mas é aí que os cliches se tornam diamantes nas mãos de uma escritora habilidosa como Holly Black. Intrigas, provocações e praticamente ódio concreto são usados para mostrar que nem só de pureza e bondade são feitos os personagens tidos como bons; da mesma forma que nem só de crueldade são feitos os supostos vilões. A narrativa nos leva a conhecer traços e elementos dos personagens que apesar de tudo os aproximam, mesmo que as personalidades os afastem.Jude e Cardan tem um crescimento surpreendente do decorrer da história, acabando o primeiro livro da série de uma forma que eu não havia previsto – o que já me fez gostar ainda mais – pois, dentro tudo que vimos no começo, Holly se empenha para mostrar que relacionamentos são complicados e perigosos, e usa sua especialidade para coroar a situação: ainda mais quando estamos lidando com fadas.

Tratando-se de família, acho que teremos muitas opiniões neste recém nascido fandom. Jude é criada, juntamente com sua irmã gêmea e com Viviane, sua meia irmã fada, por Madoc: O assassino de seus pais, e pai de sua meia irmã. O relacionamento entre eles é complicado – em vista dos acontecimentos que a levaram até alí. Mas ao mesmo tempo Madoc se mostra um pai preocupado e até certos pontos, carinhoso. Tendo acolhido-a e treinado-a e fortificado-a para a vida em meio as fadas.

No geral, o livro é ótimo e viciante. Tem um final que não só é inesperado como deixa-nos sedentos pelo que está por vir, como as coisas serão resolvidas e como Jude vai agira agora que, aparentemente, ela conquistou seu tão árduo lugar em meio aos monstros que ela tanto despreza quanto inveja.

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