[Resenha] O acordo: 1

Goutyne
By Goutyne

O Acordo é o tipo de romance que logo nas primeiras páginas já ganha o coração do leitor. Além de uma trama divertida, romântica e extremamente reflexiva, a história surpreende por debater temas clichês para a literatura new adult– por exemplo, relacionamento de conveniência, abuso sexual, agressão física, e os pré-conceitos por trás dos grupos estudantis – e torná-los únicos.

Sem dúvida, é isso que mais amo nesse livro: a maneira como a autora usa pontos de reflexão previsíveis para criar um romance cativante, emocionante e pra lá de surpreendente. O fato é que lemos muitas histórias com essa mesma premissa, mas poucas são tão intensas quanto à escrita pela Elle Kennedy. Já é a segunda vez que leio esse livro e a sensação de amor é a mesma; não resisti e acabei apaixonada pela simplicidade por trás desse romance tão fofo e acolhedor.

A trama gira em torno de Hanna e Garrett. Ambos são opostos: ela faz parte do grupo dos músicos e artistas, tem poucos amigos, e passa seu tempo na faculdade focada em superar o passado e ajudar financeiramente seus pais. Já ele é o cara mais popular do pedaço, sabe aproveitar a vida e o que ela tem de melhor, é o capitão do time de hóquei, e tem tantas conquistas no gelo quanto na cama.

Porém, tem uma coisa que Garrett precisa e que só Hanna pode dar: aulas particulares. Garrett tirou nota baixa em uma prova e só vai poder continuar jogando se melhorar sua média, por isso ele faz um acordo – depois de muita persuasão – com a Hanna: ela dá aulas particulares e ajuda-o a aumentar sua nota, enquanto ele finge estar saindo com ela para fazê-la chamar a atenção de um gatinho do campus por quem está interessada. Só que é óbvio que esse acordo não vai sair como o esperado!

Hanna é mais do que a garota tímida e reservada que aparenta; ela quer viver, sentir e superar a experiência horrível que teve quando ainda era uma menina. E ao lado de Garrett, cara que julgou ser um atleta babaca e egocêntrico, Hanna vai aprender a confiar em si mesma e, principalmente, a se divertir sem medo ou reservas. No final, o que era para ser um acordo vai se transformar em uma cativante e libertadora história de compreensão, amizade e amor.

Amei a narrativa da autora; sem dúvida nenhuma é a forma dela escrever que torna esse livro tão especial. A trama tem bom-humor, personagens bem construídos e que não são birrentos (ou, pior, irritantemente infantis), contagiantes laços de amizade, paixão na medida certa, e muita superação. Adorei a forma como a autora aborda os traumas vivenciados por Garrett e Hanna. Ela tem uma história difícil que espelha a de milhares de mulheres espalhadas pelo mundo, mas ao contrário do esperado optou por procurar ajuda e a não deixar tal trauma nublar seu futuro.

Eis uma personagem forte que dá exemplo tanto da dor quanto da vitória por trás da superação de uma experiência traumática – amei essa garota! E o mesmo acontece com Garrett; indo muito além da boa pinta, o personagem anseia respeito, afeto (de verdade, não de mulheres que só quem estar ao seu lado por status), e reconhecimento profissional. Ele é responsável, focado e não deixa a figura do pai, e tudo de ruim que ele representa, torná-lo um homem frio e sem valor.

E o ponto é que esses jovens passaram por situações dramáticas, foram fortes e lutaram por um futuro diferente, e como resultado conseguiram superar e exorcizar para sempre o passado. Foi lindo, emocionante e muito, muito mesmo, divertido acompanha-los nessa jornada. Fora que amei ver Hanna e Garrett desabrocharem durante a leitura, mostrando que as aparências enganam, e encontrando um no outro um firme ponto de apoio.

Outra coisa que me cativou nessa leitura é que o romance nasce da amizade, das sessões de estudo, das conversas sobre o passado, e das noites de pizzas e muitas séries de TV. Sabe aquele romance que você realmente sente nascendo no dia a dia? Pois bem, é isso que temos aqui. Fora isso, outros pontos positivos são: a história é intercalada entre a narrativa de Garrett e Hanna; a personalidade direta e maravilhosa de Garrett (ele é charmoso, mas ao mesmo tempo real – ou seja, nada idealizado); os melhores amigos dos protagonistas; e o final que beira o clichê mas que ainda assim consegue ser diferente de tudo o que já li.

Existe um momento em que a trama fica bem previsível e queremos matar Hanna por causa de suas escolhas precipitadas, mas Garrett lida com isso de uma maneira diferente, divertida e que só faz o leitor amá-lo ainda mais. Gosto quando os personagens me surpreendem, e Hanna e Garrett fizeram isso.

O único defeito é que o livro chegou ao fim rápido demais. Amaria se a obra tivesse mais páginas, porém fico feliz em saber que matarei a saudade desses protagonistas com a continuação da série – porque mesmo que o próximo volume não seja uma sequência direta, sei que eles vão aparecer, afinal leremos sobre a história de amor do melhor amigo de Garrett. Vamos lá Editora Paralela, publique essa lindeza logo por aqui!

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