[Resenha] Novembro, 9

Goutyne
By Goutyne

Em um nove de novembro que parecia nebuloso e triste, Fallon encontra seu pai para um café da manhã. Como sempre, ele age como se os últimos anos não tivessem sido um inferno para a filha, esquecendo que por culpa dele, a jovem teve que abrir mão dos seus sonhos e do seu futuro como atriz: depois de um incêndio acidental ela perdeu tudo o que tinha.

Do outro lado da cabine do restaurante, Ben escuta a conversa entre pai e filha e, inconformado com a atitude dele, resolve interferir. E é nesse momento que a vida deles muda completamente. Fazia tempo que Fallon não era defendida por alguém ou que um rapaz parecia não ligar para sua aparência (que ela creditar estar “danificada” desde o incêndio).

Completamente encantada, Fallon resolve passar o dia ao lado desse charmoso estranho, aproveitando a companhia dele para esquecer tudo o que a data atual representa. As horas que passam juntos marcam tão significativamente as vidas desses jovens que, inspirados por um sentimento misterioso, Ben e Fallon assumem o compromisso de se encontrarem anualmente, durante cinco anos, em todo nove de novembro a partir desse primeiro encontro.

O contexto central da obra não é muito inovador, até porque já vimos por aí outras histórias com essa mesma premissa de encontros anuais e de um amor que vai sendo construído aos poucos. Contudo, apesar do clichê inicial, a obra traz inúmeros mistérios que quando revelados tornam a leitura devastadoramente única.

E o motivo por trás disso é o que mais gostei na obra: tais encontros representam, tanto para Ben quanto para Fallon, uma chance de recomeçar. A cada novo 9 de Novembro o leitor vai percebendo o quanto os protagonistas estão quebrados e o quanto a amizade entre eles os ajuda a superar seus maiores medos. Para Fallon é doloroso, afinal ela passou anos fechada em uma bolha de culpa, raiva e autodepreciação.

Mas graças ao Ben, com suas palavras carinhosas e incentivadoras, ela aprende a se amar exatamente como é. Já Ben é o tipo de personagem que irradia luz. Ele quer fazer o bem e ajudar as pessoas que ama, e toma para si a meta de mostrar para Fallon o quanto ela é especial.

Mas no fundo, percebemos que ele também está quebrado e que ajudá-la, de certa forma, é um caminho para que ele próprio se ajude. E eu amei tanto isso! Amei como a dor dos personagens é presente na narrativa, amei como seus medos e inseguranças vão mudando ao longo dos anos por causa da influência positiva que cada encontro gera sobre eles, e amei o fato de que juntos eles aprendem o que é amar e o quanto esse sentimento pode ser doloroso.

Outro ponto positivo da história é o fato da narrativa durar vários anos. Confesso que, por causa da trama descrever apenas os encontros anuais do casal, senti falta de saber mais sobre a vida que Ben e Fallon construíram enquanto estavam separados. Claro que foi ótimo perceber, a cada novo encontro, o quanto eles vão amadurecendo com o passar dos anos, mas ao mesmo tempo sentia mais e mais curiosidade sobre o que eles faziam para preencher a solidão dos outros dias do ano.

Ainda assim, admito que essa característica deixou a trama mais fluída, rápida de ler e extremamente misteriosa (até porque é impossível interromper a leitura até chegarmos ao aguardado último 9 de Novembro do casal). Também não posso deixar de falar o quanto a autora me surpreendeu ao falar de temas importantes como câncer, suicídio, morte precoce, pais ausentes, e principalmente sobre as sequelas deixadas – tanto as visíveis quanto as invisíveis – nas vítimas de incêndios. Gostei demais de como Fallon aprende a se olhar no espelho e a se amar, a ver o quão vitoriosa ela é.

Para mim, o único ponto negativo é o desfecho da história. Em certo momento achei o grande mistério da trama previsível e irreal demais. Após a revelação demorei para aceitar o relacionamento de Fallon e Ben, o que tornou o amor entre eles – que até então parecia único e grandioso – banal e excessivamente romantizado.

Claro que essa é a parte racional do meu cérebro falando, porque a parte emocional amou a proposta de mostrar o quanto o amor é imperfeito e inconstante. Sendo assim, no geral o livro é envolvente, cativante e emocionante. Ao focar no perdão e no amadurecimento dos personagens, a autora nos faz pensar na mágica do amor que cura e renova vidas. Ainda não acho esse o melhor livro da Colleen, mas também não nego que me emocionei muito com ele.

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