Por mais que a indústria dos mangás venham se renovando ao longo dos anos, aparentemente uma fórmula pronta para o sucesso, parece acompanhar os shounens. Apesar de não ser uma regra de sucesso, mas são nestes tipos de histórias, que algumas histórias se tornam relevantes e ultrapassam até mesmo a barreira das publicações semanais e acabam fazendo o mesmo barulho globalmente. Jujutso Kaisen se encaixa perfeitamente neste aspecto. A obra de Gege Akutami, busca, através desse modelo pré-estabelecido, a possibilidade de tornar seus personagens reconhecidos. Obviamente que o sucesso do mangá, ganhou ainda mais atenção com o lançamento do anime, mas isso é uma outra história.
Em Jujusto Kaisen Vol. 1, aborda uma nova perspectiva para o mundo dos feiticeiros. Apesar de não apresentar algo inovador, a história em si, convence, graças principalmente aos seus personagens e a narrativa que o mangá se propõe, já em suas primeiras páginas.
No Brasil, um subtítulo ‘Batalha de Feiticeiros’, foi incluído, o que revela pouco sobre o verdadeiro enredo do mangá. Se você procura, apenas um mangá sobre batalhas, talvez Jujutso não seja o ideal. Gege Akutami brinca de forma interessante com a perspectiva do leitor mais ávido por grandes batalhas, mesmo que elas aconteçam ao longo dos capítulos.
Yuuji Itadori, o grande protagonista do mangá, é um jovem que precisa lidar com a perda de seu avô, que deixa uma mensagem enigmática no leitor de morte. Ele resolve dizer ao neto, o qual importante será para sua vida, ajudar as pessoas. Coincidência ou não, Itadori é membro do Clube de Ocultismo de sua escola, ao lado de mais dois entusiastas.
Um objeto amaldiçoado de nível especial é encontrado na escola e Megumi Fushiguro, um aluno prodígio da Escola Técnica Superior de Jujutsu de Tóquio é enviado para coletar o objeto amaldiçoado. A sintonia dos personagens, ainda que com personalidades opostas, é um dos pontos altos da apresentação da trama de Jujusto Kaisen Vol. 1.
Este primeiro volume é basicamente focado na transformação de Yuuji Itadori numa arma viva, ou mais especificamente no receptáculo de Sukuna. E toda essa jornada é repleta de desafios ao protagonista, que contará com a ajuda de Fushiguro e Kugisaki. Vale lembrar que muito mais do que explorar as relações destes personagens, o mangá, estabelece as conexões necessárias em todos os momentos.
As personalidades dos três personagens, que devem ser consideradas, é um atrativo, e que justificam a fórmula do gênero shonen e que de alguma forma são as suas características mais marcantes e refletem parte do sucesso destas histórias.
Satoru Gojō é muito mais do que um professor, ele é uma espécie de mestre para os feiticeiros em formação e se mostra, além de um personagem interessante, uma peça-chave na jornada de Itadori, como fica claro em Jujusto Kaisen Vol. 1.
A dualidade de Itadori e Sukuna, ainda que pouco explorada neste volume, mostra que existe potencial. A interação entre os dois e que movimenta a trama do mangá, também serve como uma cruzada pessoal ao protagonista, que aparentemente demostra desde sempre estar em busca dessa aventura.
Gege Akutami, cria um novo universo, com nuances diferentes para aqueles que buscam mais do mesmo, porém com uma pitada de novidade. Jujutsu Kaisen não é inovador, mas é muito eficiente no que se propõe. É difícil hoje em dia, mesclar uma história de horror e ação, que renda resultados tão significativos como o que foi apresentado neste primeiro volume.
Todo o misticismo entorno do mangá, é apresentado ao leitor de forma quase natural e mesmo todas as narrativas que envolvem as maldições que são conectadas ao mundo real, fazem total sentido. E isso é mérito do roteiro de Akutami, que além de desenvolver muito bem todos os personagens, é capaz de criar cenas incríveis com uma arte impecável.