A origem da água na Terra foi e ainda é objeto de estudos. A curiosidade se dá em grande parte pelo fato da Terra ser o único dos planetas do sistema solar que possui água líquida em sua superfície.
A teoria mais aceita atualmente é a de que a água foi transportada por uma origem extraterrestre. Mas nada de ficção científica nem seres inteligentes. Apenas rochas. Mais especificamente, planetesimais com água congelada. Planetesimais são pequenos objetos sólidos que existiam nessa época de formação planetária. A gente entende que eles são os blocos construtores de planetas: agregando planetesimais, pouco a pouco, você forma planetas!
Como se sabe, 70% da superfície da Terra é composta por água. Mas como surgiu esse componente essencial para a vida? Segundo estudo publicado na última quarta-feira, 12, na revista científica Nature, interações entre a atmosfera rica em hidrogênio e os oceanos de magma quando nosso planeta ainda era um “embrião”, seriam responsáveis pela formação da água.
A noção de como os planetas se formam costumava ser baseada na análise do nosso Sistema Solar. A Terra e os outros planetas rochosos seriam acúmulos de poeira e gás que orbitavam o jovem Sol.
À medida que objetos cada vez maiores colidiam uns com os outros, os planetesimais (embriões planetários) ficavam maiores e mais quentes, com vastos oceanos de magma. Com o tempo, à medida que a Terra esfriava, o material mais denso afundou, deixando o planeta com três camadas distintas: o núcleo metálico, o manto e a crosta rochosa composta por silicato.
No entanto, com as frequentes descobertas de exoplanetas, uma nova abordagem surgiu para entender o estado embrionário da Terra.
“As descobertas de exoplanetas nos deram uma visão de é comum que planetas recém-formados sejam cercados por atmosferas ricas em hidrogênio molecular, o H2, durante seus primeiros milhões de anos de desenvolvimento. Eventualmente, esses aglomerados de hidrogênio se dissipam, mas deixam impressões digitais na composição do jovem planeta”, afirma o pesquisador Anat Shahar, do Instituto Carnegie de Ciência, nos EUA, um dos autores do estudo recém-publicado, citado pelo site de notícias científicas Phys.org.
Usando as informações obtidas pela observação de exoplanetas, os cientistas desenvolveram novos modelos para a formação e evolução da Terra. Na pesquisa recente, de acordo com o site especializado, os autores foram capazes de demonstrar que, no estado embrionário do nosso planeta, as interações entre o oceano de magma e uma atmosfera rica em hidrogênio molecular poderiam ter dado origem a importantes características da Terra, como a abundância de água.
Os pesquisadores usaram modelos computacionais que envolviam troca de materiais entre atmosferas de hidrogênio molecular e oceanos de magma. Segundo o Phys.org, foram analisados 25 compostos diferentes que podiam ser gerados em 18 tipos de reações – complexas o suficiente para produzir dados valiosos sobre a possível história do nosso planeta.
As interações entre o magma da superfície e a atmosfera da “Terra bebê” simulada por computador resultaram na migração de grandes massas de hidrogênio para o núcleo metálico, gerando oxidação do manto e a consequente produção de grandes quantidades de água.
O estudo recém-publicado mostra que, mesmo que todo o material rochoso que colidiu para formar nosso planeta fosse completamente seco, as interações entre a atmosfera de H2 e o oceano de magma foram capazes de gerar água suficiente para preencher a superfície da Terra – mas não descarta outras origens do líquido da vida.