[Resenha] A morte é um dia que vale a pena viver: E um excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida

Goutyne
By Goutyne

Algumas pessoas podem achar estranho o interesse em um livro sobre a morte. A maioria de nós não gosta de pensar nela, embora ela seja uma realidade. Gosto de meditar sobre a vida tendo a morte sob os holofotes. A consciência da finitude é angustiante, mas nos oferece uma perspectiva mais apurada sobre como deveríamos viver esta vida.

O livro “A morte é um dia que vale a pena viver”, escrito pela médica Ana Claudia Quintana Arantes, é uma mistura bem elegante de conceitos relacionados a cuidados paliativos e reflexões sobre a vida diante da perspectiva da morte.

Gostaria que mais médicos lessem a obra para que procurassem proporcionar a kalotanásia, a bela morte. Meu avô sempre falava sobre isso (sem usar esse termo, é claro). Ele pedia a Deus uma boa morte. Infelizmente, não tenho certeza de que ele a teve.

Alguns termos usados por Ana Claudia vão demorar para sair da minha mente. Ela fala sobre “zumbis existenciais”, pessoas que vivem sem viverem, que estão ausentes de suas próprias vidas, sem conexão consigo e com os outros; para essas pessoas, só falta morrer fisicamente.

Ana Claudia também usa a metáfora do muro para falar sobre a morte (imagem emprestada de William Breitbart, psiquiatra). De acordo com a ilustração, estamos vivendo, caminhando pelo mundo até que nos deparamos com um muro. Ao chegarmos ali, não há como voltar ou escalar. Só podemos olhar para trás.

Ao abordar a dimensão espiritual diante da morte, Ana Claudia é feliz em chamar a atenção para a diferença entre acreditar e ter fé.

Quando se acredita, existe um tipo de relação de troca em que a frustração de não receber a cura ou mais vida faz a pessoas desmoronar quando a morte se aproxima.

Quando se tem fé, o moribundo se entrega aos cuidados de Deus, “aquele que pode nos levar ao nosso destino. (…) Ao verdadeiro sentido de dizer: ‘Seja feita a vossa vontade.’”.

Na parte final do livro, Ana Claudia retoma e comenta os cinco tipos de arrependimento mais comuns entre pacientes no final da vida, originalmente citados pela enfermeira Bronnie Ware. Essa é uma das partes mais propícias à reflexão sobre a vida.

São cinco capítulos muito enriquecedores.Gostei bastante do livro. Tem uma mistura de poesia em prosa com conhecimento e caminhos para reflexão pessoal. Se alguém quer pensar sobre a vida, deveria começar meditando sobre como ela é um recurso limitado e temporário – pelo menos esta vida.

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