Crítica | Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre

Goutyne
By Goutyne
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Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre encontra a mesma dificuldade que seu antecessor, Para Todos os Garotos… PS: Ainda Amo Você, teve em dar prosseguimento a uma história que já havia fechado seus conflitos mais interessantes no primeiro filme. Peter Kavinsky (Noah Centineo) e Lara Jean (Lana Condor) estão bem-resolvidos, os dois fazem parte de um espectro modernizado de estereótipos adolescentes contextualizados em um ambiente de mundo socialmente mais aberto, logo, não seriam divergências ou embates de personalidades que iriam causar outros conflitos para justificar a continuidade para uma trilogia. Não, a narrativa precisava inserir um novo elemento entre os dois para isso. No segundo filme, foi um triângulo amoroso, o qual sequer é mencionado aqui ou apresenta quaisquer reflexos nos novos conflitos de agora, que felizmente soam muito mais interessantes, embora não tão unitários em foco.

Mas aí é muito mais culpa do retorno da direção engessada de Michael Fimognari do que do roteiro de Katie Lovejoy, que tenta retomar as boas ideias da compreensão da mentalidade juvenil feminina no moderno e só não consegue direito por conta de uma desorganização de proposta na execução do cineasta.

É um sentimento misto, ao mesmo tempo em que o filme prende a atenção com vários pormenores, a forma episódica como eles são inseridos na progressão narrativa dá a impressão de que o filme nem sabe para onde quer ir e vai desesperadamente atirando para todos os lados, criando constantemente novas dinâmicas só para dizer que a história está avançando.

A intenção não parece querer criar essa impressão, mas as pausas destinadas à valorização do universo colegial e o aproveitamento prático da dinâmica do casal – enfim como um casal de fato – parecem desvios do caminho em que a narrativa realmente deseja ir, embora se comporte como um aspecto principal, dada a jornada de aprendizado e valorização do presente independentemente do que irá acontecer no futuro.

Acaba que Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre  não fica nem lá nem cá. As cenas de curtição em festas, viagens e encontros parecem simplesmente desinteressantes, mesmo sendo concebidas como um estímulo de viver a adolescência, enquanto os dramas os atropelam em relevância de tela, fazendo a trama dar voltas de mais para chegar naquela conclusão, que na prática se comportará de forma muito simplória.

O problema não é o fato de ser simplório, todos esses anseios relacionados à continuidade de uma relação pela distância geográfica ou mental (diferentes planejamentos de vida) são válidos e relevantes dentro da compreensão da mentalidade superficialmente idealizada dos personagens. Só faltava ao filme aproveitar melhor o seu tempo para trabalhar essa compreensão visualmente para o público. E aí falta uma direção de mais calibre, com mais recursos técnicos, mesmo que não um plano e contraplano, apenas filmando os acontecimentos e não os encaminhando junto a uma construção visualmente condizente.

Acaba que fica difuso e a maturidade complexada, tal como o segundo filme, principalmente porque tenta-se conectar essas questões do casal com outras individuais que não necessariamente se conversam ou não têm uma correlação tão coerente logo de cara, o que causa ainda mais uma sensação de filme episódico e de incompletude a cada linha de conflito colocada: Lara com as irmãs morando à distância; o casamento de seu pai com outra mulher que não sua mãe; o pai de Peter que “abandonou” a família e sua criação; entre outros.

Ao menos, o texto tem uma sensibilidade de aproveitar exponencialmente o desenvolvimento anterior dos personagens – inclusive dos secundários – para autenticar cada um desses núcleos de forma isolada. Gosto de como cada um se resolve porque traz de volta aquele espírito inocente de romantismo do primeiro, principalmente para tratar de assuntos mais delicados como a perda da virgindade da protagonista, uma pauta relevante, mas que nunca ganha um escopo central nos conflitos envolvendo a relação.

Ainda que considere que falte o contraponto, já que no aspecto geral não existe mais aquele cenário que tenta negar a existência do romantismo como foi no primeiro, não faz falta, porque nem chega a ser uma pauta. Ele entra aqui em harmonia com o aspecto realista com a mesma naturalidade dada aos vários estereótipos inseridos no mesmo cenário como amigos. Os diferentes valores podem coexistir, o “brega” romântico ultrapassado pode sim sustentar as relações modernas, inclusive no amálgama da distância. E é muito nobre o filme acreditar nisso mencionando a icônica cena da caixa de som de John Cusack em Diga O Que Quiserem, não com um pano nostálgico, e sim como um modelo atemporal do sonho de romance adolescente: a demonstração por gestos.

Ora se não há intersecção melhor entre a realidade fotogênica do presente e a idealizada por status de anteriormente do que transformar os momentos especiais em recordações. Desse modo, mesmo com os mencionados problemas, dentre outros que o deixam vários degraus abaixo do ótimo (a meu ver) Para Todos os Garotos que Já Amei, este final de trilogia ganha uns pontos a mais de simpatia e arruma uma conclusão minimamente satisfatória.

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