Césio-137, o que é? História do maior acidente radioativo do Brasil

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By Goutyne
Cesio 137 o que e Historia do maior acidente radioativo do Brasil

O acidente com Césio-137 ocorreu na década de 1980, em Goiânia, e é até hoje considerada o maior acidente radioativo do Brasil.

Em 13 de dezembro de 1987, um dos maiores acidentes com Césio-137 aconteceram na cidade de Goiânia, no estado de Goiás. Primeiramente, você precisa saber que o Césio 137 é um isótopo radioativo resultante da fissão de urânio ou plutônio. Além disso, ele é usado em equipamentos de radiografia, portanto, encontra-se na categoria de lixo hospitalar quando descartado.

Um grande problema é quando o Césio-137 é desintegrado e dá origem ao Bário 137m. Consequentemente, ele passa a emitir radiações gama. Talvez você não saiba, mas os raios gama possuem um grande poder de penetração, ou seja, são extremamente nocivos ao ser humano. Curiosamente, o acidente radiológico de Goiânia com essa substância tornou-se o episódio mais grave de contaminação do Brasil. Ademais, classificou-o como o maior acidente radioativo do mundo fora do ambiente de usinas nucleares. Mais ainda, a Escala Internacional de Acidentes Nucleares, que vai de um a sete, classificou o episódio como nível 5.

Em outras palavras, trata-se de um acidente com consequências de longo alcance. Apesar das décadas posteriores ao evento, estima-se que as consequências sejam permanentes, com vítimas fatais e alterações no meio ambiente. Desse modo, tornou-se uma importante lição sobre o controle de substâncias e descarte de materiais hospitalares.

Inicio do acidente com Césio-137

Inicialmente, na década de 1980 existia no Centro de Goiânia as antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia. Lá era um espaço cheio de lixo e coisas velhas. Além disso, ele atraia muitos catadores de lixo, que buscavam encontrar materiais que pudessem lhe render algum dinheiro.

Em 1987, dois catadores de lixo encontraram um aparelho de radioterapia abandonado e tiveram a ideia de remover a máquina com a ajuda de um carrinho de mão. Após cinco dias, eles levaram as partes para vender em um ferro-velho. O dono do estabelecimento, Devair Alves Ferreira, então, desmontou a máquina e expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), um pó branco parecido com sal de cozinha que, no escuro, brilha com uma coloração azul.

Basicamente, o dono do ferro-velho ficou completamente encantado com o brilho azul emitido pela substância. Por causa disso, resolveu exibir o achado a seus familiares, amigos e parte da vizinhança. Todos acreditavam estar diante de algo sobrenatural e alguns até levaram amostras para casa. Sobretudo, a exibição do Césio-137 aconteceu por quatro dias seguidos, aumentando a área de risco. Além disso, parte do equipamento de radioterapia também foi para outro ferro-velho, espalhando ainda mais o material radioativo.

Sérias consequências

Alguns dias após o contato com o pó fluorecente, várias pessoas começaram a procurar postos de saúde e hospitais. Elas apresentavam sintomas como vômitos, náuseas, diarreia e tonturas. Inicialmente, todos foram tratados como portadores de alguma doença contagiosa. Só alguns dias depois foi descoberto que se tratava de sintomas de uma Síndrome Aguda de Radiação.

No dia 29 de setembro de 1987, a esposa do dono do ferro-velho levou parte da máquina de radioterapia até a sede da Vigilância Sanitária, esclarecendo o que estava acontecendo. O físico nuclear Valter Mendes, de Goiânia, constatou que havia índices de radiação na Rua 57, do Setor Aeroporto, bem como nas suas imediações. Imediatamente, ele acionou imediatamente a Comissão Nacional Nuclear (CNEN).

O chefe do Departamento de Instalações Nucleares, José Júlio Rosenthal, foi para Goiânia. O médico Alexandre Rodrigues de Oliveira, da Nuclebrás (atualmente, Indústrias Nucleares do Brasil) e o médico Carlos Brandão da CNEN também foram até a cidade. Então, foi iniciada a triagem dos suspeitos de contaminação, Isso, inclusive, aconteceu em um estádio de futebol da capital goiana.

Descontaminação

Primeiramente, as roupas das pessoas expostas ao material radioativo foram lavadas com água e sabão para a descontaminação externa. Após esse procedimento, as pessoas tomaram um quelante denominado de “azul da Prússia”. Tal substância elimina os efeitos da radiação, fazendo com que as partículas de césio saiam do organismo pela urina e fezes. Apesar disso, alguns pacientes foram a óbito. Entre as vítimas fatais, podemos citar a menina Leide das Neves, a mais conhecida. Além disso o seu pai Ivo, Devair e sua esposa, Maria Gabriela, e dois funcionários do ferro-velho também morreram. Outras pessoas morreram vítimas da contaminação posteriormente.

Além disso, a retirada de todo o material contaminado com o césio-137 rendeu cerca de 6000 toneladas de lixo. Tudo encontra-se confinado em 1.200 caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres (revestidos com concreto e aço) em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 600 anos.

Associação de Vítimas Contaminadas por Césio-137

Certamente, o acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil. Além disso, ele é o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares. Atualmente, as vítimas reclamam da omissão do governo para a assistência tanto médica como de medicamentos. Por causa disso, a Associação de Vítimas Contaminadas por Césio-137 tenta lidar com o descaso e o preconceito.

No ano de 1996, a Justiça finalmente julgou e condenou por homicídio culposo três sócios e funcionários do antigo Instituto Goiano de Radioterapia. Eles foram condenados a três anos e dois meses de prisão. Contudo, a pena foi substituída por prestação de serviços.

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