sexta-feira, 1 dezembro, 2023

8 coisas que vocĂȘ precisa saber sobre jornalismo de dados

Aqui vai um dado interessante: o jornalismo de dados estĂĄ se tornando parte do establishment. NĂŁo no sentido elite de Oxbridge (apesar de haver dados sobre isso), mas no sentido de se tornar um padrĂŁo da indĂșstria.

Segundo o Ășltimo levantamento do Google News Lab sobre jornalismo de dados, 51% das empresas nos EUA e Europa contam com jornalistas dedicados exclusivamente Ă  ĂĄrea. No entanto, 53% dos entrevistados acredita que o jornalismo de dados exige treinamento extensivo e especialização. 

A cada dia temos novos e mais inovadores jornalistas no mercado, e com eles, novas habilidades e técnicas. Então, não só o jornalismo de dados estå mudando, como também estå mudando o jornalismo em si.

Esses são alguns dos tópicos abordados em conversas recentes que resolvi reunir em só um lugar. Esse texto é sobre o que é jornalismo de dados e como o The Guardian faz esse tipo de procedimento, em 8 tópicos simples.

1 – É como CiĂȘncia

“O jornalismo de dados nos aproxima da ciĂȘncia, tendo como algo em comum o mĂ©todo cientĂ­fico, que Ă© um protocolo que os cientistas usam para poder publicar seus estudos”, comentou Daniel Bramatti, editor do EstadĂŁo Dados e do EstadĂŁo Verifica do Jornal O Estado de S. Paulo e Presidente da Abraji. “Mesmo que a gente nĂŁo se dĂȘ conta, algumas de nossas pautas nascem de hipĂłteses. O jornalismo de dados nos dĂĄ o poder de testar essas hipĂłteses e nĂŁo fazer algo subjetivo”.

2 – Os dados estão aí para todos  

“O jornalismo de dados te dĂĄ uma possibilidade de fazer grandes reportagens quando vocĂȘ ainda nĂŁo tem muitas fontes. Abriu as portas para mim [no começo da carreira] e as fontes passaram a querer falar comigo. Pode ser um diferencial quando vocĂȘ estĂĄ começando”. Alana Rizzo, consultora na Albright Stonebridge Group e colaboradora da The Economist Intelligence Unit.

3 – Vai muito alĂ©m dos nĂșmeros

“O nĂșmero espanta, mas Ă© muito diferente quando vocĂȘ dĂĄ cara a ele”, comentou Alana. “Tem muito mais valor quando vocĂȘ vai para a rua e mostra a dor que estĂĄ sendo causada por um desvio de verba”.

4 – NĂŁo Ă© feito apenas por jornalistas

“Trabalhos com hipĂłteses e depois tentamos trabalhar essas hipĂłteses. Pegamos grandes bases de dados e transformamos em produtos jornalĂ­sticos, infogrĂĄficas, reportagens e as vezes em um caderno especial. No meu grupo de seis pessoas, misturamos gente de diferentes ĂĄreas: jornalistas, dois biĂłlogos, um cientista social e uma infografista”. Algoritmos tambĂ©m sĂŁo usados no processo. FĂĄbio Takahashi, editor do DeltaFolha – NĂșcleo de Jornalismo de Dados da Folha de S. Paulo e vice-presidente da Jeduca.

5 – É um mĂ©todo transparente

“A transparĂȘncia nĂŁo Ă© simples, mas talvez seja maior do que em uma reportagem clĂĄssica. Na comunidade de jornalismo de dados hĂĄ um espirito de transparĂȘncia grande”, afirmou FĂĄbio. É simples, nĂŁo Ă© simples. Mas um cientista de dados pode rodar aqueles cĂłdigos e dizer se chegou ou nĂŁo a aquele resultado [publicado pelo jornalista]. É uma transparĂȘncia mais efetiva”.

6 – Saber programar nĂŁo Ă© fundamental

“NĂŁo precisa saber, mas eu diria que em uma equipe de dados Ă© fundamental que alguĂ©m saiba”, explicou Daniel ao ser questionado se saber SQL (linguagem de programação) Ă© fundamental para fazer jornalismo de dados. “Fizemos uma matĂ©ria sobre o Fies, por exemplo, que tinha uma base de dados com 16 milhĂ”es de linhas e mais de 50 colunas. NĂŁo hĂĄ Excel ou programa similar que abra isso. E o SQL Ă© uma das maneiras de trabalhar esses dados”.

7 – Nem toda base de dados Ă© confiĂĄvel

“Um dos princĂ­pios sagrados do jornalismo Ă©: desconfiem dos seus dados. Tivemos uma apuração no EstadĂŁo de quase um mĂȘs e decidimos jogar fora porque consideramos que a base nĂŁo era confiĂĄvel”, disse Daniel. “Trate o dado como qualquer fonte. Quando vocĂȘ faz uma entrevista, nĂŁo acredita em tudo que uma pessoa fala. É o mesmo com as bases de dados”.

8 – Algoritmos ajudam, mas não são 100% confiáveis

“Tem um ser humano programando robĂŽ [algoritmo usado no processo de coleta e anĂĄlise de dados] e as vezes ele tambĂ©m erra. Desconfiança Ă© fundamental, nĂŁo Ă© porque tem um robĂŽ trabalhando que ele estĂĄ trabalhando bem, ele Ă© programado por humanos”, comentou FĂĄbio.

O jornalismo de dados tem sido fundamental para trazer Ă  tona investigaçÔes aprofundadas, identificar tendĂȘncias e fornecer uma anĂĄlise mais abrangente dos eventos atuais. No entanto, Ă© importante lembrar que ele nĂŁo substitui o jornalismo tradicional, mas sim complementa, adicionando uma camada adicional de profundidade e precisĂŁo Ă s reportagens.

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